Cidinha e Verinha - 01/11/2016

Verinha é minha filhota. Hoje tem 56 anos e, agora, acho que está feliz da vida – tudo o que a gente quer para nossos filhos.
Nem sempre foi assim: quando nasceu, era uma boneca, linda, saudável, mas não olhava nos meus olhos! Logo percebi que não era deficiência visual: era capaz de ver muito bem. Aos seis meses, expus minha preocupação para a pediatra, que me indicou um neurologista famoso. Aí começou o calvário: tentativas e tentativas, sem resultado algum. Era evidente: a Verinha era portadora de uma deficiência mental profunda.
Resumindo: desenvolvimento físico normal, anda, come, mas... nunca falou (nem uma palavrinha)... está internada desde a adolescência, em várias instituições, atualmente na Residencial Vida Nova, onde é muito bem tratada.
Aqui entra a Cidinha Clemente, minha amiga, minha irmã: há cerca de dois anos, resolveu visitar minha filhota todo o domingo e fazer um trabalho que considero um despertar.
Encontrou a menina já em um estado de decadência física bem visível: a cabeça caída, o olhar vago, a mão direita permanentemente fechada, absolutamente inerte, sem reação a não ser a dois estímulos – fome e dor. Uma tristeza. Com a força que Deus lhe deu, Cidinha começou a estimular principalmente a atenção dela, massageando mãos e pés, falando, estimulando.
Não posso explicar o que houve; depois de anos de trabalho e tentativas, com os melhores profissionais, agora, pela primeira vez, está feliz: ergueu a cabeça, olha nos meus olhos e SORRI!!! Atende pelo nome com os olhos bem abertos, até obedece a ordens muito simples, como “dá a mão”.
É FELIZ, é tudo o que eu pretendia.
Deus a abençoe, Cidinha.